Alavancagem no Mercado de Ações

O que seria Alavancagem no Mercado de Ações? De uma forma simples, Alavancagem é potencializar o Lucro tomando Dívida.

As empresas tomam dívida – se alavancam, a fim de multiplicar os lucros.
Trazendo esse conceito para o Universo do Mercado de Ações, podemos dividir em três tipos de Alavancagens, só que dessa vez falando de Pessoa Física:

  • Compra a Descoberta,
  • Venda a Descoberta e
  • Mercado a Termo.

COMPRA DESCOBERTA

Você compra sem ter dinheiro e Significa ficar 100% alavancado, trabalhando somente com a Margem que a corretora disponibiliza para você.

Vamos supor que irá acontecer o IPO de uma empresa e você quer muito participar, mas não têm dinheiro.

Mesmo sem ter dinheiro em conta, você reserva R$ 10.000,00.

Sempre que é feita uma reserva, assina-se um termo de compromisso se submetendo a ter o dinheiro na conta no dia da liquidação, que ocorre em D+2 ou D+1.

Acontece o seguinte, a ação começa a ser negociada 2 dias antes da liquidação, sendo assim, você pode vendê-la no 1º dia de negociação.

Com números:

Reserva: R$ 10.000,00

Início de negociação da ação na Bolsa: 22/10/07

Data liquidação: 24/10/07

Supondo que no 1º dia de negociação a ação sobe 2% e você vende, no dia 24/10/07 sua conta será debitada em R$ 10.000,00 e no dia 25/10/07 Creditada em R$ 10.200,00 (não estou considerando os custos envolvidos na operação).

Teve um lucro de R$ 200,00, mas terá que pagar 1 dia de juros  pela conta negativa.

Todas as liquidações na Bolsa se dão em D+3.

Ou seja, se vendo hoje, a conta é creditada no 3º dia.

Se compro hoje, o débito ocorre em três dias salve algumas exceções.

Somente em IPO’s a liquidação se dá em D+2, por isso terei pagar 1 dia de juros como explicado no nosso exemplo.

O risco é o seguinte, se de repente o valor da ação cair 5% no 1º dia e sua reserva foi de R$ 10.000,00, sinto muito, você está obrigado a vender no prejuízo.

Vai assumir o prejuízo de R$ 500,00.

Quem fez isso com os *BDR’s da Agrenco – AGEN11 levou um prejuízo de 15% no 1º dia.

Operadores que utilizam dessa estratégia são conhecidos como  Flipper.

Flippers são investidores que adquirem ações de companhias que estão fazendo IPO para vendê-las no primeiro dia de negociação.

Em mercados com forte tendência de alta, é comum que as ações subam de forma expressiva na sua estreia – é com essa expectativa que contam os flippers.

O perigo é que nem todas as estreias são bem-sucedidas.

O hábito de negociar com alta frequência e a disposição para participar de IPOs caracteriza grande parte dos “jogadores” e não necessariamente um Flipper não tem dinheiro na conta.

Esse tipo de operação é loteria. E é feita com stops bem curtos.

Por menor que seja o percentual de variação, para cima ou para baixo, o Flipper efetua a venda.

Importante destacar que o Mercado desenvolveu uma arma para tentar coibir esse tipo de prática especulativa, o LOCK-UP.

Trata-se de uma cláusula que obriga o comprador a manter o papel por um período mínimo antes de vendê-lo — 45 dias, por exemplo.

Uma vez que o investidor resolva participar do IPO, no momento da reserva das ações ele saberá se existe essa cláusula e caso ele aceite, não poderá vender as ações durante o período de bloqueio.

Isso evita a especulação, e tenta reduzir a volatilidade do preço das ações nos primeiros dias de negociação, mas em contrapartida afugentam investidores que por algum motivo, que não a especulação, busquem liquidez imediata no investimento.

É controverso, mas em alguns casos necessário.

Sobre o desfecho da AGRENCO, matéria da Infomoney em agosto/2013.

SÃO PAULO – Em recuperação judicial desde 2008, a Agrenco (AGEN11) teve sua falência decretada pela Justiça. A BM&FBovespa informou que suspendeu os negócios com os ativos da Agrenco, que desde junho de 2011 são cotados abaixo de R$ 1,00. Dada a complicada situação financeira da empresa, as chances dos papéis virarem “pó” são grandes e crescem as dúvidas de como devem ficar a situação dos acionistas minoritários da empresa daqui para frente. Segundo os dados mais recentes da BM&FBovespa, 5.536 investidores pessoas físicas e 59 pessoas jurídicas detinham um total de 227,2 milhões de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da Agrenco em dezembro. No acumulado do ano, os ativos acumulavam queda de 33,3%; e desde o IPO, quando valiam R$ 9,00, registravam desvalorização de 98,22%, tendo fechado o último pregão de negociação na bolsa a R$ 0,16.

Citei a Agrenco para que tenha em conta o tamanho do prejuízo que pode ter caso invista em ações de empresas com resultados ruins e sem qualquer estratégia.

Venda Descoberta (Vender o que você não tem)

Nessa operação você pode perder a família, os amigos, a casa, o carro. Tudo literalmente e não, não é um exagero.

É muito utilizada no mercado de Opções e traz ganhos significativos e perdas fenomenalmente significativas caso não tenha estruturado perfeitamente a operação.

Exemplo prático de uma venda descoberta:

Você está precisando de dinheiro e vê um amigo vendendo um Fiat Uno por R$ 10.000,00.

Você, como é entendido de carros, sabe que está barato e pensa: – Vou colocar esse carro a venda por R$ 12.000,00.

Ocorre que você não tem o carro e está vendendo.

Se de repente aparece um comprador para sua oferta, você pega os R$ 12.000,00, vai até seu amigo, compra por R$ 10.000,00 e tira os R$ 2.000,00 de lucro sem fazer qualquer esforço adicional.

Onde está o risco? Temos Vários!

Por exemplo você vende o carro, pega os R$ 12.000,00 e quando vai comprar o carro do seu amigo, ele bateu.

Agora você vai ter que ir a Mercado atrás de um Uno por R$ 12.000,00 ou menos, já que você se comprometeu a entregar o carro ao comprador e ainda por cima já recebeu o dinheiro antecipado.

Acontece que você procura, procura, procura e não acha esse bendito Uno por menos de R$ 20.000,00.

Como você está obrigado a entregar o carro, além de perder seu suposto ganho, vai arcar com um prejuízo de R$ 8.000,00.

Estou exagerando um pouco nesse exemplo do carro e sei que há outras saídas para resolver esse problema, mas para ilustrar, uma venda descoberta é assim.

Imagina você fazendo isso no Mercado de Ações.

Sem dinheiro em conta, e com uma boa margem, resolve alavancar vendendo descoberto, pois pelas suas análises, o mercado está prestes a despencar.

Vende 500 ações a R$ 50,00 com o intuito de comprá-las por um preço mais baixo.

No exato momento que você fez essa operação, de repente sai o anúncio de que o Brasil conseguiu o Grau de Investimento e o preço da ação dispara para R$ 60,00.

Você está obrigado a comprá-las por um preço muito mais alto do que vendeu.

É claro que as Corretoras impõem limites para esse tipo de operação, mas tem um risco gigante operar descoberto e perder muito dinheiro.

MERCADO A TERMO

Para começar, precisará de garantias, como sua uma própria carteira de ações que servirá de lastro ou até mesmo títulos de Renda Fixa. Eles quem asseguram que você poderá honrar esse financiamento, essa compra a prazo.

Se você tem dinheiro, não tem motivo tomar um empréstimo de ações e se não tem dinheiro e nem ações, não se atreva a tomar esse empréstimo descoberto.

Pois bem, imagine que de repente ocorre uma tremenda queda na bolsa e você se pergunta: Como posso tirar proveito disso sem ter dinheiro sobrando e já “comprado” em várias ações?

Comprado nada mais é do que ter todo seu dinheiro aplicado em uma carteira de ações.

Para tirar proveito disso, poderá fazer uma operação a Termo.

Como funciona?

Você liga na corretora e fala que quer fazer uma operação a Termo e eles lhe darão as características da operação baseados nas informações que irá fornecer.

Após negociarem as condições, eles te emprestam as ações por um período que pode variar de 16 dias até 33 meses.

Não existe um prazo específico, mas é comum 30, 60 ou 90 dias. Na hora você negocia com a Corretora.

Para este empréstimo de Ações, você tem que pagar os juros que são relativamente baixos (são baixos porque você vai dar garantias) e a taxa depende do prazo do Termo.

Além disso, temos um período de carência para vender as ações. Este período é de três dias, que é o tempo para que sua operação seja registrada e as ações estejam disponíveis para você negociar.

Passado este período você pode vender e encerrar sua posição imediatamente. Depois da venda, a operação é encerrada.

Exemplo prático:

Ação da Petrobrás negociada a R$ 30,00 e você vê aí uma Oportunidade.

Resolve cotar um Termo para 30 dias adquirindo um lote de 500 ações.

A corretora precifica essa operação a uma taxa de 1%.

O que acontece após fechar a Operação?

Em três dias terá as ações na sua carteira para negociar como bem entender e, ao fim do contrato, 30 dias, pagará por ação R$30,00 + 1%.

Então precisará desembolsar 500 x 30,30 = R$ 15.150,00.

Não importa quanto valorizou ou desvalorizou a ação. Você travou o preço quando fechou o termo.

Feito isso, você tem algumas opções até a data de vencimento do Termo:

a) poderá ficar com as ações que pegou emprestado

b) vende as ações em algum momento oportuno e fica com o lucro/prejuízo. 

c) faz a rolagem do Termo por mais alguns meses, sendo que as ações são vendidas no dia do vencimento e recompradas a preço de mercado naquele momento com acréscimo de novos juros pelo novo período de Termo.

E o Risco?

O risco é das ações caírem de preço no período do termo. Com isso você não conseguirá zerar sua posição vendendo com lucro se sua estratégia é especular. Rolar a operação para vencimentos mais longos acaba tornando a operação mais cara.

Vale ressaltar que as Corretoras, a rigor, têm uma carteira composta por Blue Chips para operarem o Termo, pois sabem que não é aconselhável utilizar dessa estratégia com ações de 2ª linha.

Vamos em Frente!

Por que usar este mercado?

a) vender as ações e realizar o lucro sem usar seu dinheiro.

Apenas lembre-se que o lastro são suas ações que estão como garantia e não podem ser negociadas no período do Termo. Motivo pelo qual o financiador não leva calote, e com isso tornando os juros baixos.

b) comprar ações por um preço que você considera baixo em um período que você está sem dinheiro e pagando juros baixos.

Importante: no período do Termo todos os proventos das ações são seus. Entenda-se dividendos, juros sobre capital próprio, bonificações e etc.

Essa é a diferença básica do Aluguel de Ações já que, quando você aluga, todos os proventos são do dono efetivo da ação.